sábado, 13 de junho de 2009

Nos bastidores de uma crise econômica

Difícil para nós, comunidades de países desenvolvidos ou emergentes, imaginarmos uma crise pior do que negócios falindo, consumo diminuindo, desemprego, restrições e ausência de desenvolvimento econômico.

Quase sempre, por estar usando a venda imposta pelo capitalismo selvagem, uma cultura arraigada principalmente nas comunidades ocidentais, não conseguimos perceber os acontecimentos que não seja pelo prisma econômico, vale aqui citar Karl Marx, sociólogo, economista, historiador e filosofo, que afirmava que nossa sociedade vive e se constitui pela dinâmica da guerra de classes, onde o acumulo de capital dita as regras sociais.

A prova disso é a nossa incapacidade de perceber, nesta crise, situações como a dessa bela reportagem do jornalista Daniel Santini.

A crise da África

A crise econômica que começou com a falência do mercado imobiliário dos Estados Unidos e se espalhou pelo mundo em setembro de 2008 agravou a miséria e a fome na África.

O continente, marcado por um passado de exploração e opressão, há décadas, sofre com a instabilidade política e tem perspectivas sombrias. Em fevereiro, representantes da Organização Internacional do Trabalho (OIT) reuniram-se na Etiópia para discutir o impacto da crise na região. George Okutho, diretor da OIT no país, saiu do encontro dizendo que os efeitos da crise já são piores que os previstos, que o crescimento está ameaçado e que alguns países com a economia baseada em exportações, como Etiópia, Quênia e Tanzânia devem estar entre os mais afetados.

O empobrecimento da periferia do mundo agrava conflitos de proporções alarmantes. No Sudão, país vizinho à Etiópia, há um genocídio em curso. Desde 2003 foram mortas mais de 300 mil pessoas na região de Darfur, no oeste do país, de acordo com estimativa da Organização das Nações Unidas (ONU). Mais de 2,5 milhões fugiram e vivem em campos de refugiados. O conflito começou com ataques de tribos determinadas a chamar a atenção para os problemas da região. Uma reação desproporcional do governo, com apoio de milícias paramilitares, culminou na morte de milhares.
O drama ganhou proporções ainda maiores após o presidente Omar Hassan Ahmad al-Bashir ser condenado pelo Tribunal Penal Internacional de Haia por crimes contra a humanidade. Ele não só se negou a deixar o poder como, em represália, expulsou todas as organizações não-governamentais (ONGs) que prestavam ajuda aos refugiados. Trabalhos sérios foram comprometidos, como o da associação Médicos Sem Fronteiras (MSF), que chegou a ter cinco funcionários sequestrados. Após a libertação, a direção da ONG anunciou o fim do atendimento devido à “insegurança” no país.

Além dos conflitos, a África sofre também com doenças. A disseminação do vírus HIV é emblemática. Em meio à subnutrição, o número de mortos por aids é bem maior do que o de países desenvolvidos. A miséria é gritante. O administrador paranaense Samuel de Oliveira, de 27 anos, brasileiro integrante do MSF, conta que, em vez de tomar antiretrovirais, pacientes do Zimbábue trocavam a medicação por comida para a família. É neste contexto que, na semana retrasada, o papa Bento XVI fez campanha contra a camisinha durante uma visita.
Além da aids, a quantidade de mortes por doenças que são curáveis também choca. Desde janeiro, segundo relatório do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), 931 pessoas morreram de meningite em uma epidemia que atinge Nigéria, Niger, Burkina Faso e Mali. “É triste demais. Há doenças que já poderiam ter sido erradicadas há muito tempo.

O sarampo, por exemplo, que no Brasil é uma doença do passado, lá ainda mata muitos.
Nós temos tecnologia, a indústria de remédios poderia erradicar essas doenças”, diz Oliveira.

O administrador brasileiro da MSF também viveu na República Democrática do Congo e, nesta semana, embarca para Serra Leoa, país com pior Índice de Desenvolvimento Humano do planeta.

Nas viagens, o brasileiro viu situações absurdas. “A gente não pode levar para o lado pessoal senão o lado profissional quebra.

A história que mais mexeu comigo foi quando nossa base no Congo servia de apoio para as equipes que atuavam em áreas de guerra.

Os refugiados vinham em nossa direção para escapar. Foi quando uma senhora de uns 76 anos contou que estava trabalhando no campo e foi violentada por vários soldados.

Ela chegou para gente sem vontade de viver. Dizia 'como isso pode acontecer na minha idade?'”, relata o brasileiro.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Uma missão épica

A missão dessa nova geração é realmente algo muito difícil, diria que digna de muitas páginas nos futuros livros de história, de grandes roteiros de filmes e peças teatrais. Coloco isso porque historicamente, nunca, nenhuma nação se deparou com tamanha obrigação de mudar, tão drasticamente, seus hábitos e costumes. Para se ter uma ideia, quase tudo o que consumimos, utilizamos e fazemos para saciar nossas necessidades de alimentos, água, abrigo e locomoção, causam grandes impactos sobre o planeta.

Até pouco tempo atrás, agíamos sem pensar na natureza, como se dela pudéssemos retirar tudo o que precisássemos quando quisemos, pois imaginávamos que seus recursos fossem inesgotáveis. E os resíduos gerados? Descartávamos sem nenhuma preocupação em qualquer canto. Descobrimos muito tardiamente que estamos errados em nossa filosofia de vida. Uma estória bem legal que ilustra bem o momento em que vivemos é a do Cowboy e do Astronauta. Houve um tempo em que os Cowboys do faroeste norte americanos, consumiam e viviam como se não tivesse o dia de amanhã, imagine: aquelas terras fartas, abundantes, que se perdiam de vista ao horizonte, de onde podiam retirar tudo o que necessitavam tudo o que quisessem, ao seu bel prazer. Como poderiam pensar que tudo aquilo seria finito?

Já o astronauta tem uma realidade bem diferente: espaços pequenos, recursos como água e alimentos muito limitados, com uma extrema necessidade de não gerar resíduos e lixo, pois tudo é finito inclusive o ar que respiram. Definitivamente, em função de nossas atitudes inconseqüentes até agora, estamos muito mais para a vida de astronauta do que para a vida de cowboy, e se conseguirmos mudar o rumo da história, como se apresenta a necessidade do momento, certamente seremos protagonistas de uma fábula onde seremos citados como a sociedade que salvou o planeta.

Gravataí City - blog do Joelson Cardoso (acesse o link abaixo))